O tempo fora do relógio

Todo mundo já teve a sensação de que o tempo está voando. Ontem mesmo era reveillon e já estamos em setembro! Quê? Como assim!
Pois é…
Essas sensações podem ocorrer em períodos mais curtos (um dia, uma férias), ou em períodos mais longos (um ano, ou pior, o plural dele).  Recentemente em conversa com um grande amigo externei essa sensação, e recebi de volta um alerta. Ele me disse que o tempo é o que é e ponto. Ele não anda mais rápido ou mais lento. Ele tem seu curso natural, ainda que seja um curso estabelecido por nós (excluindo aqui toda a relatividade atrelada ao “tempo”). E completou que quando temos a sensação de que o tempo passa rápido demais é porque não caminhamos junto com ele, finalizando sua fala com “o tempo é vida, e o tempo perdido é vida que se vai”. Mexeu com minhas estribeiras. Com as suas aí também?

A frase traz um incômodo e se assim é, é porque necessário se faz.

É claro que não significa que não estamos vivendo. Estamos vivendo de algum modo. Acordamos, estudamos, trabalhamos, conquistamos coisas, erramos, acertamos, dormimos e começamos de novo. Mas talvez essa frase aperte aquele nó interno que grita “o tempo está correndo” mesmo fazendo tudo o que fazemos. Nesse grito muitas vezes nos sentimos atrasados. Para alguns o atraso está no âmbito profissional. Para outros o nó está no sonho do amor perfeito ou construção de família. Há ainda os que não se sentem atrasados em nada disso, mas temem a idade que chega ou o desconhecido futuro que se aproxima. Seja qual for o seu nó interno, ele está atrelado ao tempo do relógio, aquele do pulso, da bancada ou da parede, que mede segundos, minutos e horas incessantemente… Neste tempo, você pode sim se atrasar para uma reunião, uma prova, uma promoção ou um sonho. Mas o tempo fora do relógio é diferente, ele transcende o mensurável e só existe internamente, sendo impossível compará-lo entre pessoas.

Aprendi com meu amigo, que este tempo é vida consciente mental.  São suas escolhas diárias que o ajudam a evoluir internamente, que trazem significado para a sua existência ou te reconecta com seu propósito. Muita gente diz não saber qual é o seu propósito, mas aqui gostaria de dizer que não saber nomeá-lo não significa que ele não exista. Estamos em constante busca por este entendimento, e em algumas atividades nos sentimos mais conectados a ele do que em outras, e é aí que está o começo da sua resposta. E isso só acontece no tempo fora do relógio. Tem quem escreve, quem medita, quem canta, quem organiza, quem lê, quem corre, quem ajuda, quem ensina, quem decora, quem conversa, quem acompanha…É uma variada busca por significado.

Algumas pessoas chamam essas atividades de hobbies, outras de ócio criativo, outras de desenvolvimento pessoal e há ainda os que chamam de preguiça. Seja qual for o nome que queira dar, quando você começa a se conectar com seu propósito, seu interior, você começa a caminhar junto com o tempo, e ele não vai parecer correr rápido demais, mas sim no seu tempo ideal. O tempo é e ponto, seja você também assim.
Como me sugeriu este amigo: não se esqueça de aproveitar o tempo (não o do relógio), mesmo que por poucos minutos, mas que seja diariamente.