O propósito da vida, da existência e seus temperos

Todo mundo já tirou um tempinho para refletir (muitas vezes sem sucesso) sobre qual o propósito da sua vida. A lista de propósitos e objetivos é imensa:

– ser o tipo de pessoa que não desanima domingo a noite porque no dia seguinte é segunda.

– encontrar um grande amor e constituir uma família. 

– ou ainda ser seu próprio grande amor e desvincular felicidade a outro ser.

– viajar o mundo inteirinho e absorver todas as culturas diferentes. 

– ser famoso.

– causar impacto social.

– ser reconhecido como exemplo e servir de inspiração  (tanto dentro do ciclo social quanto fora dele).

– ficar rico.

– encontrar seu talento.

E por aí vai…

Propósitos e objetivos não são únicos, e muitas pessoas têm inclusive uma lista muito longa. Parte pode ser por falta de foco e parte por fome de sentido. 

De todo modo o que não existe é alguém sem um propósito ou objetivo.

Eu pelo menos desconheço. Aqui não entra quem ainda não decidiu ou ainda não encontrou seu propósito, mas apenas aqueles cujos propósitos consistem em não ter propósito  (já não seria isso um propósito e invalidaria a questão? Deixo o questionamento para você decidir).

Até a pessoa mais “good vibes” e desapegada em algum ponto tem um objetivo de vida (se conectar com os seres vivos ou seu eu interior talvez). O ponto é: precisamos de algo, de um norte de uma direção. Afinal estamos em movimento, e ninguém se movimenta sem o intuito de chegar em algum lugar. 

É possivel que essa necessidade esteja no mesmo pote da necessidade de sabermos sobre o pós morte. Precisamos de algo… ser somente ser, ou existir somente existir, não é o suficiente. Não que seja ruim somente existir, mas isso nos equivaleria a outros seres vivos, e isso, incrivelmente, não toleramos, não é mesmo? (Mais uma vez seres humanos se colocando como o mais importante da natureza). Ou no mínimo levantaria a tão inquietante questão: se somos somente isso e fim, para quê estamos aqui?

Temos a necessidade de sentido de propósito… não só para nossa jornada da vida, nosso dia a dia, mas também  para nossa existência. 

Uma grande admiração minha, uma vez disse que é exatamente a ausência de um propósito transcendental da vida humana na Terra, que torna o viver urgente! Afinal, se só temos uma vida, limitada e cuja contagem regressiva não pára, cada dia é importante, cada dia faz do viver e experienciar urgente! Algo como: Só tenho uma chance, que eu acorde todo dia com muita sede do novo!
Essa pessoa tão admirada é Neil deGrasse Tyson, astrofísico e divulgador científico que torna o mistério do  universo e da ciência palatável e didático. Acho bonita a postura de tornar urgente o viver, principalmente quando é tão fácil e mecânico tornar o “estar vivo” trivial.

Essa filosofia de vida é baseada em uma reflexão interna temperada com a teoria da evolução e fatos científicos. Faz sentido, cientificamente. Mas e aqueles que não fazem uso deste tempero para seus alimentos internos? Nestes casos, outros temperos se fazem necessários. Algo envolvendo alinhamento planetário, energia, cosmos, Deus e seus diferentes discípulos, reencarnações, evoluções espirituais e por aí vai. Muitos são os temperos, e como cada um prepara uma refeição interna diferente, o uso deles é muito pessoal e único. E ainda que duas refeições sejam muito parecidas na receita, o sabor é diferenciado no toque pessoal de cada experiência vivida. 

Este texto não desvenda a incógnita do propósito e muito menos resolve o mistério da vida, interpretada ela como for. Mas uma coisa é certa, a jornada é exclusiva de cada um. Os objetivos são pessoais, e quaisquer que sejam os temperos que te ajudem montar sua receita, acrescente muito amor e siga em frente, para no final olhar para a mesa farta de uma vida vivida ricamente, saborear a melhor refeição da sua vida e finalmente descobrir seu real propósito.