E lá vamos nós, envelhecendo… Por favor, envelheça!

E lá vamos nós, envelhecendo… Por favor, envelheça!

4 de dezembro de 2023 1 Por Agatha Pedersen

Todo mundo envelhece.
Nascer, por si só, já é uma assinatura do contrato do envelhecimento. Acontece, que no dia a dia, não pensamos o quão envelhecemos. Vai acontecendo gradativamente, de pouquinho em pouquinho… Mas não sejamos desonestos, há sinais.

De repente, subir lances de escadas ativa o seu pulmão e seu joelho. De repente, você que era imune aos efeitos do álcool promete nunca mais beber após o último caos de um sábado a noite e a plena derrota de um domingo a tarde. De repente, você não entende certas gírias de quem está na escola (professores neste caso conseguem camuflar bem). De repente seus pais estão aposentados fazendo suas comidas preferidas porque você já não mora com eles, e eles sentem falta. De repente, você sente saudade constante dos seus pais. De repente o seu plano de saúde encarece. De repente você pensa: NU (expressão mineira caso haja – reparem na audácia da escritora – alguém de fora lendo este texto), o tempo passa rápido! 

A verdade é que o tempo não passa rápido, ele sempre passou no mesmo ritmo. Você quem não reparou!

Já reparou quando você fica muito tempo sem ver alguém, e quando finalmente a vê você repara TODOS as diferenças? “Nossa, seu menino cresceu demais”. “Nossa, fulano envelheceu para caramba”. “Meu Deus, Julinha já está formando na faculdade? Carreguei no colo essa menina”. Se você convivesse e reparasse todos os dias, a mudança não seria alarmante. Mas o tempo passou, o tempo passa! O tempo sempre passará. 

Como a vida é um repleta de distrações, sejam elas boas ou ruins, por vezes perdemos a percepção do tempo. E aí, é ao soprar uma vela de bolo de aniversário, ter uma canelite por ter caminhado 20 minutos ou olhar para o espelho que pensamos: “NU, o tempo voou”. Mas o perigo maior é quando quem nós não reparamos, somos nós mesmos!
E aí por um momento tentamos nos conectar conosco mesmo, vamos atrás de amigos que abandonamos, revivemos um velho hobby ou buscamos finalmente ter um, começamos a apreciar o por do sol ou pensar em voluntariado. Por vezes, vem até uma crise existencial. Pode ser que não encontrei meu propósito (existe próposito? pensamos…). Pode ser que eu me compare com fulano ou beltrano e que eu me sinta o mosquito do cocô do jegue rejeitado. Pode ser que eu me ache incrível no trabalho ou na vida pessoal e que neste momento, este incrível não tem valor. Pode ser, que dessa crise eu dê uma guinada na minha vida, uma meia volta brusca, cantando pneu e mudança de direção. Ou pode ser que eu me distraia com um meme e naturalmente vá voltando para o status quo do dia a dia. Mas fato é: o tempo passa, e a gente envelhece, quer a gente repare ou não. Portanto, olhe com carinho para este presente que é o tempo que lhe é dado. Ele é um só, no mesmo ritmo, constante e incansável… Olhe para você mesmo durante a caminhada e não se assuste com um “de repente”. Se acostume com sua trilha e não se distraia por muito tempo…

E lá vamos nós envelhecendo…então, por favor, envelheça!