A melhor coisa que já inventaram

A melhor coisa que já inventaram

29 de janeiro de 2023 0 Por Agatha Pedersen

Todo mundo tem um “a melhor coisa que já inventaram”.
Para o meu pai, é o morango. 

Em um domingo a noite, em um pequeno momento de decisão de quem pegaria o último morango da vasilha, ficou-se decidido de que este prazer seria dele. Enquanto eu lavava a louça, ouvi atrás de mim, no momento em que ele concluía a decisão tomada em colegiado: “Foi a melhor coisa que inventaram”. Para ele, a melhor coisa que já inventaram, foi o morango. De tudo, ele escolheu o morango. Vindo do meu pai, essa frase até que tem um efeito moderado, afinal, em uma manhã de fim de semana, este mesmo indivíduo proferiu as mesmas palavras para leite puro… De duas uma: ou desconhece o peso da palavra “melhor” ou de fato é divido nos prazeres da vida adulta.

De um modo ou de outro, todo mundo tem um “a melhor coisa que já inventaram”.

Para mim, na grande maioria dos momentos, a melhor coisa que já inventaram foi o pão de sal, também conhecido, pelos não íntimos, como pão francês, ou pão de padaria… Este item tem uma variabilidade muito baixa na top lista de “melhores coisas”. Posso viver mil situações, mas nunca nunca nunca irei comer um pão de sal sem ter esse sentimento. Para o meu irmão é café, invarialmentente e incontestavelmente. Seu combustível da alma. Até aqui os exemplos foram sempre associados à alimentação, o que diz muito sobre as pessoas mencionadas. A minha mãe, por sua vez, é muito cuidadosa com o grau comparativo de superioridade. Uma vez ela me disse para sempre dizermos que algo é “bom” mas não “melhor”. Afinal, a vida é contínua e sempre pode acontecer ou experimentar-se algo melhor do que o anterior, e portanto, não se deve gastar elogios em vão, para que seu discurso tenha peso e seja corente. Ou talvez, no mínimo, para que se viva na esperança do que vem pela frente: ainda há de vir algo melhor ainda! (Mínimos detalhes de uma vida romântica). 

Seja como for, “a melhor coisa que já inventaram” é um aconchego de alma.  Pode ser que seja uma experiência não associada a comida. Mas de todo modo, ninguém profere essas palavras sem estar vivendo um recorte de tempo que levita o corpo. Uma viagem entre o plano do real da correria do dia a dia e o prazer de se estar vivo. Um suspiro profundo de conexão com um sentido interno. Uma gota de alegria e gratidão por quem teve a genialidade de inventar ou permitir a existência de algo tão incrível. Podemos decidir nomear a melhor coisa que já existiu ou podemos guardar para algo maior. Independente disso, que no mínimo não nos falte o sentimento em si. O sentimento de nos elevar, de tempos em tempos, para este plano superior, porque essa é a lembrança súbita no dia a dia de que não sobrevivemos, e sim, estamos vivos!