O centro do mundo

O centro do mundo

6 de outubro de 2019 2 Por Agatha Pedersen
Todo mundo já reparou nos outros. Quando digo “outros” não me refiro àquela olhadela num look legal ou na fisionomia de alguém com pré julgamentos, bons ou ruins. Me refiro a outros no mundo todo.
Sabe quando você viaja para um lugar e vê as pessoas dali vivendo a vida delas e imagina como deve ser viver ali, naquele contexto?
Ou quando você está num carro parado em um trânsito infinito, com milhões de carros e ônibus cheios, e você olha para cada um e pensa: aonde eles estão indo? De onde vieram? Por que será que estão tão sérios?
Ou ainda, quando numa noite escura você olha a cidade do alto e vê várias luzinhas acesas em casas e apartamentos distintos e pensa: será que tem alguém naquele prédio brigando? Será que tem alguém se amando? Será que o chuveiro de alguém queimou em algum desses apartamentos ou esqueceram de colocar o lixo para fora? 
O mundo é enorme, o número de pessoas também, mas o que ultrapassa a tudo, é o número de histórias que cada um carrega, e os acontecimentos que cada um vive. Ainda sim, por mais irônico que seja, muitas vezes nos colocamos no centro desse universo. Para a gente parece que somos o centro das atenções, como se nossas vitórias, e principalmente fracassos, estivessem constantemente na mente de todos ao nosso redor. Talvez por isso nos preocupamos tanto com o que os outros pensam, porque imaginamos que os outros pensam em nós o tempo todo, e que qualquer situação (boa ou ruim) será o tópico da conversa de amigos, conhecidos ou família.
Na real, ninguém está nem aí. Se você conseguir ser, por 5 minutos,  o centro da atenção de alguém, já é muito (aqui não incluem mães, pais, avós, talvez irmãos, e tomara companheiros, porque senão o mundo está perdido mesmo). Eu digo isso porque cada um está vivendo sua vida, pesquisando no YouTube como se arruma o chuveiro que queimou, ou se martirizando mentalmente porque esqueceu de colocar o lixo para fora. Cada um está passando um perrengue muito louco, amando pessoas amadas ou ainda tentando entender que que é que está acontecendo (há uma população inteira de perdidos tentando entender esse rolê que é viver). Ninguém está realmente preocupado com os seus acontecimentos, porque tem vários acontecimentos próprios para lidar. E tudo bem. Isso não quer dizer que não existe amizade sincera ou empatia com seus problemas. Apenas quer dizer que você não é o centro do mundo de todo mundo.
O único centro do mundo que você pode ocupar é o seu mesmo. Portanto, pare de se preocupar com o que os outros estão pensando sobre o que você considera suas vitórias e fracassos (porque já entendemos, que na realidade ninguém está pensando nisso). Então: PARE de moldar suas atitudes em torno disso. 
O mundo é enorme, e está todo mundo vivendo mil histórias que ninguém realmente conhece. Como diz minha mãe: coração do outro é terra desconhecida (não importa o número de anos de convivência ou a intensidade da intimidade. Continua sendo desconhecida, porque apenas o dono dessa terra tem propriedade para conhecer sua extensão). E está tudo bem, isto também é romântico e belo, pois torna infinito o mistério de ser o que se é.
Viva o centro do seu mundo, da melhor maneira que bem entender, e dessa forma, não se pode ter erro.