O bom filho a casa torna
E lá se foram mais de 365 dias deste que este blog foi alimentado pela última vez. Hoje mudaremos a folhinha da empresa de contagem de dias sem acidentes… Estamos há zero dias sem abandono literário de incapaz.
É hora de tirar as teias de aranha, lavar o recado feito na poeira, como um ato de desespero de terceiros, no meu meio de locomoção… “Me escreva”, diz o vidro traseiro. Talvez tenha sido escrito pelo único leitor assíduo deste blog, que constantemente me relembra de escapulir da vida real e vir aqui tamborilar os dedos no teclado.
“Me escreva”, vejo pelo retrovisor. Engolida pela preguiça, joguei água automática e tirei da minha visão imediata. A água só arrasta o inevitável. “Me escreva” tem agora o formato de arco íris monocromático e sem beleza alguma. Ainda que não seja possível ler claramente todas as letras, o recado fica marcado. Um lembrete, que vira e mexe, reaparece na cabeça. “Me escreva”…
E assim vão se passando os meses… Entram e saem aniversários, acontecem diversas mudanças e, dentro delas, todas as trivialidades de um dia a dia comum.
Mas o borrado ainda está lá…
É necessário então, puxar o freio de mão, fechar todos os vidros, ligar a mangueira e encher o balde com água e sabão. Com uma esponja macia, vai-se massageando cada pedaço do seu precioso meio de locomoção. De repente você se depara com uma marca que remonta sua memória para um evento, uma risada surge… Em outro momento, revive as viagens… E de repente, a grossa camada de poeira sai. Você revê o brilho e a vida do que já parecia meio morto. Não está morto, e no fundo, nunca esteve…
Tina está de volta!
Este texto é extra oficial. Foi escrito no ato da limpeza. Sem filtros, sem ajustes, sem escolha do melhor ângulo ou arquitetado para ser lido e ganhar curtidas… Foi escrito para o recado “me escreva”.
Era para ser um presente de aniversário, para o meu único leitor, mas acaba sendo, na verdade, um bilhete de agradecimento. Muitas vezes, o cachoalhar de um “me escreva” é o que nos move para, efetivamente, dobrarmos a manga e escrevermos.
E ao olhar pelo retrovisor, vejo o vidro limpo e tenho um único sentimento: é hora de tamborilar os dedos…