Bati na trave! Um diálogo sobre “quases”

Bati na trave! Um diálogo sobre “quases”

8 de março de 2020 2 Por Agatha Pedersen
Todo mundo já bateu na trave, seja literalmente em um jogo de futebol ou na vida. Bater na trave é sobre os “quases” da nossa vivência, sobre aquele momento em que você quase passou em um concurso, quase acertou os números da mega, quase realizou um sonho, quase conseguiu um emprego ou quase conquistou um amor. “Quases” são frustrantes, e são praticamente considerados como “nãos”. Aparentemente, o meio termo não é celebrável: ou o você faz o gol ou não faz, e como bater na trave é não fazer, não entra em uma celebração de vitória. Faz sentido.
A questão é que o bater na trave pode ser digerido de maneira melhor, e quem sabe até celebrado. Pense comigo: ao fazer o gol, são mil celebrações, dancinhas, olhares para o céu, sorrisos para quem está assistindo e a sensação de dever cumprido. Quando você erra feio o gol, são mil dramas, às vezes críticas e quem sabe até culpa interna. É triste realmente. O “quase gol” fica então perdido e esquecido no meio destes dois cenários. Mas a questão é que é muito difícil conquistar algo sem antes ter QUASE conquistado algo. Discurso barato? Talvez. Mas uma reflexão interna recente me revelou que eu tenho (e quem sabe você também)  certa dificuldade em administrar a paciência do meio do caminho. O que quero dizer é que sonhamos muito com o lugar em que queremos chegar, e nos planejamos e traçamos estratégias (nem sempre) para chegar lá. Mas a geração Y não tem “tempo a perder”, afinal é a geração clique, da informação e da transformação. Por isso, enxergamos muito bem o começo e o final, aonde queremos chegar, mas temos dificuldades de digerir, esperar e vivenciar o meio do caminho. Não que exista um ponto final, em que quando você chega você pensa: pronto, zerei o jogo! Mas existem várias metas e objetivos que requerem um início, meio e fim, e quando se chega no fim de uma, outras metas e objetivos podem ser o alvo da atenção do momento. Mas de todo modo, o meio do caminho, aquele espaço-tempo e sentimentos que ficam entre o início de um grande sonho e a realização do mesmo, é repleto de quases. São várias traves que temos que bater, são vários gols que temos que errar, até aprender o tempo da bola, aproveitarmos a ajuda de outros companheiros, entendermos nossa dinâmica em campo, e acertar a mira, intensidade de força e efeito colocado na bola para enfim chutar para o gol. O que temos que entender é que “quases” não são erros, são apenas previsões de sucesso que podem se concretizar desde que permaneça firme na disciplina de aprender e melhorar este “quase” no tão esperado “sim”. Um brinde a todos os quases que já passamos e a todos que ainda estão por vir.