
Desorientação
Todo mundo já ouviu falar em doença autoimune, mas caso (como sua mãe faz questão em reforçar) você não seja todo mundo, não tem problema, eu explico. A autoimunidade acontece quando o sistema de defesa do seu corpo dá a louca e ao invés de atacar seres exógenos, resolve atacar as células do seu próprio organismo. Muita loucura pensar que as suas próprias células estão confusas quanto a quem defender e quem atacar… Mas ao mesmo tempo seria muito arrogante exigir que todas elas tivessem certeza de tudo o tempo todo, afinal, quem sou eu (ou qualquer um, para falar a verdade) na fila do pão para criticar indecisão ou desorientação do outro. Se as perguntássemos, ainda seria possível recebermos uma resposta envolvendo alinhamento cósmico e signos… respeitemos. De todo modo, é um problema. E eu digo problema, porque não tem como se curar de algo tão interno e próprio. Neste caso cabe apenas tratamentos com efeitos diversos e a paciência de aceitar que parte de você mesma não está entendendo o que é você e o que não é (mostrando que a crise existencial é mais intriseca do que o imaginado. Céus!).
Ainda que não haja “cura” propriamente dita, em geral, doenças autoimunes são potencializadas pelo estado emocional. Soma-se, então, algo interno e difícil de se contornar a algo externo tão igualmente ou mais, difícil de driblar. Mas se você conseguir cuidar bem do seu emocional, é bem possível que consiga confundir os confundidos e acabe passando ileso (ou o mais próximo disso) dos efeitos que sua equipe imune desalinhada pode proporcionar.
Mas aí fica o questinamento: mais fácil alinhar suas equipe imune ou alinhar sua paz interior?
Não há caminho mais fácil. Aos amantes das soluções imediatas, a primeira opção parece mais sensata, afinal, não temos bola de cristal para nos preparar emocionalmente pelo que vem pela frente, e por vezes, pegos de surpresa numa rasteira da vida, podemos desbalancear nosso equilíbrio interno e abrir espaço para os trombadinhas desalinhados destruírem muito. Faz sentido. Mas acontece, que nem todo mundo é amante dos remédios (principalmente dos que têm muitos efeitos colaterais), e ainda que fosse o caso, é complicado ficar refém de um conjuntinho químico para o resto da vida. Assim, resta a segunda opção, que no fundo é a busca diária de todos, inclusive dos que não possuem equipes desalinhadas internas.
Não existe uma receita e não é algo fácil de desenvolver, porém este é o caminho, e como se diz: um caminho só existe quando você por ele passa. Resta, então, caminhar tentando e (re) descobrindo o que te impulsiona, o que te traz paz interior e o que te equilibra. Sem atalhos, sem preguiça, o caminho é pra frente. E não se esqueça: o mundo é grande e cabe todo mundo, inclusive qualquer equipe desalinhada. Afinal, viver é isso, um eterno se equilibrar entre diferentes desorientações (suas e dos outros).