Sobre erros e acertos (ou somente sobre erros)
Todo mundo já errou. Erros englobam desde uma falha ortográfica que te deixa sem graça frente alguém até a uma cagada universal que te deixa sem rumo, sem chão com vontade de sumir e ser esquecido. Não sejamos tolos, cada erro tem seu peso. Mas de todo modo, seja qual for ele, sempre há um culpado.
A letra estava muito próxima da outra… ou o famoso corretor. Estava confuso, ando estressado, estou sobrecarregado e acabei descontando em você… Ou culpamos alguém diretamente: foi fulano. Meus pais, minha criação. Meu relacionamento, meus amigos (ou a falta deles). O (des)governo, a crise, o mercado…
Enfim, sempre há algo ou alguém. Difícil bater no peito e dizer: fiz cagada, inteiramente eu, 100% eu. Imperfeito com defeitos.
Muito complicado errar hoje em dia. Este mundo que exige perfeição, felicidade e sucesso a todo momento.
Parece que o simples olhar no olho do outro já vem cheio de expectativas, julgamentos e um pensamento: é preciso ser amado, querido por todos, perfeito sem defeitos.
E pensar que do outro lado tem alguém passando pelo mesmo estresse emocional – ou não, para quem já aprendeu a lidar com isso. Mas para quem ainda não aprendeu, cada comentário, cada “escorregada na perfeição” ou desvio da linha reta pode perturbar por tempos a mente antes tranquila: bem-vindos a cabecinha de um ansioso.
A ansiedade é o mal do século, dizem.
É a doença causada principalmente pela preocupação excessiva por coisas do dia a dia, que acaba influenciando na fisiologia da pessoa. Cada um responde de um jeito, porém ninguém sai ileso.
Seja como for, ela está aí, crescendo como praga nas entranhas de toda uma geração.
Soluções? Muitas…
Ioga, a palavra do momento. Desligar-se do mundo, reconectar-se consigo mesmo.
Exercícios físicos.
Terapia.
Atividades manuais.
Livros de auto-ajuda ou canais no YouTube…
Soluções não faltam, e ansiedade continua sendo o mal do século.
Por algum motivo, como diz Beto Guedes, a lição sabemos de cor, só nos resta aprender.
Então, o que está acontecendo?
Porque situações do cotidiano conseguem tirar nosso sono, paz e em alguns casos, inclusive a alegria em se estar vivo?
Parâmetros. Referências.
Tudo na vida que é avaliado, é cruzado com alguma referência, algum parâmetro.
Não entrando no mérito da parcela genética e epigenética da condição da ansiedade, responsável por traços mais fortes ou mais fracos, e apenas adentrando na nossa parcela de responsabilidade na manutenção do processo, é possível que estejamos focando nos parâmetros e referências errados: o famoso perfeito sem defeitos. Isso gera uma constante preocupação e energia em se atingir um estado inatingível. Até porque, o que é perfeito sem defeitos?
Sempre que se alcança um patamar, há outro para subir. E se por algum acaso da vida você acaba “descendo” algum degrau, parece um atraso, um retrocesso, um tempo perdido… E aí só sobra espaço para frustração, enquanto tudo que há de bom na vida é colocado debaixo do tapete, esquecido…
Porém, tudo na vida faz sentido. Mesmo que demore muito, os pontos se conectam lá na frente e tudo faz sentido.
Dessa forma, abrace suas cagadas (das pequenas até as monumentais). Peça desculpas, sempre que necessário, claro. Mas abrace-as, como inteiramente suas, e com sorriso no rosto, continue o jogo de cabeça erguida e batendo no peito: esse erro só poderia ser meu mesmo, de mais ninguém. Não como uma ironia, mas com a tranquilidade de que faz parte da sua história e de quem você está se transformando. O jogo só está começando…
Porém, tudo na vida faz sentido. Mesmo que demore muito, os pontos se conectam lá na frente e tudo faz sentido.
Dessa forma, abrace suas cagadas (das pequenas até as monumentais). Peça desculpas, sempre que necessário, claro. Mas abrace-as, como inteiramente suas, e com sorriso no rosto, continue o jogo de cabeça erguida e batendo no peito: esse erro só poderia ser meu mesmo, de mais ninguém. Não como uma ironia, mas com a tranquilidade de que faz parte da sua história e de quem você está se transformando. O jogo só está começando…